(Idéia “cedida” pelo Pedro)
A primeira coisa em não fazer engenharia, medicina ou direito, é explicar para os seus pais.
-Mãe, vou fazer curso superior em artes cênicas.
-Precisa de curso superior para isso? Você faz cursinho de teatro, e olha que é caro, por mais de seis anos.
-Mas mãe, eu não quero fazer parte do grupo e só.
-Filho, é sério, eu gastei muito com esse curso, e também indo ver suas peças. E, honestamente, eu nunca entendi suas piadas.
Quando os pais aceitam, vem a história com os amigos. Muitos deles pensam que fazer isso é uma coisa sem volta, você vai depender do dinheiro alheio (que também é deles) para sempre.
-Bi-bli-o-te-co-no-mia? Mas o que é isso? Você vai passar a vida falando onde estão os livros na faculdade?
-Não, não é isso que faz.
-Olha, eu sou teu amigo, gosto muito de você, mas você precisa acreditar no teu potencial. Você pode fazer mais do que tirar pó de estante.
-É, eu sei. E o que você vai fazer?
-Administração. Vou ganhar meu primeiro milhão antes dos 40.
-Ok.
Quando você entra na faculdade, ouve de tudo.
“E o que isso faz?”
“Você vai trabalhar fazendo o que?”
“Precisa de curso superior pra isso?” – Nunca, jamais, diga isso para alguém. É como falar “que merda inútil é essa? Meu cachorro consegue fazer isso”.
Depois de quatro anos suportando isso, você se forma, consegue um trabalho, ou não (eu tenho esperanças!), e a idéia do que você faz não muda!
-Nossa, adorei a nova embalagem.
-É, aprendi isso na faculdade, misturar design retrô, mas repaginar.
-Sério? Você fezs faculdade para isso?
-Claro!
-Mas a empresa exigiu? Ou você fez faculdade só para ter cela especial na prisão?
Bom, amados internacionalistas, jornalistas (rebaixados por ora), Técnicos ambientais, enfermeiros, cineastas, Relações Públicas, geógrafos, designers, e quem mais se identificar: a notícia boa é que o mercado gosta da gente. Não tanto quanto gosta de médicos, mas enfim… A má é que o povão não se importa com a gente, e mesmo com o diploma de doutorado em mãos, nunca seremos chamados de doutores.